Admirar a escrita é meditar sobre ela!

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Apetece-me

Apetece-me
palmilhar o teu corpo com os meus dedos.
despojar-te de tudo que oculte desejo,
com a língua saborear-te
em veredas
levar-te comigo ao céu
de devaneios
onde brilham estrelas
nos meus seios
olhar-te nos olhos e nada dizer
deixar o corpo articular prazer
Apetece-me
abraçar-te ,absorver-te…
Exalar odores de paixão
Apetece-me
gritar aos quatro ventos, e
nos teus lábios soltar rugidos intensos
Apetece-me
abrigar-te em mim e sentir
o pulsar do teu anseio
sem relógios que numerem os tempos
sem paredes que amparem os ventos
apetece-me
flutuar no cosmos em completa fusão
abandonar-me em nós
num ir e voltar...
em carrossel, ébrio pelo verbo”amar”
Apetece-me!

*Lotus*

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Ontem e Hoje


Digo-te hoje, porque o amanhã é imperfeito e pode esquecer-se de acontecer.
Digo-te hoje, porque amanhã a força que corre nas veias deste lápis, pode congelar de saudade, no frio que se sente em viver, em planaltos de ausência, tocando as nuvens sem entender que se tocou, por viver na ilusão, na fusão entre o dor e a saudade, que teima em ser tomada, por qualquer ocasião.
O tempo é presente, mas nele guarda imagens do passado, que com elas incondicionalmente, fazemos a nossa história de sempre.
E assim inevitavelmente serás lembrado, em tempos, em sorrisos, em lágrimas, em cadernos riscados, em poemas estrangulados, no engolir de sufoco, no salivar que nos engasga, o que se engole sem nada mastigar.

Quantas vezes mergulhas em ti sem saber onde emergir?
Quantas vezes amarras o lençol na ânsia de te prenderes?
Quantas vezes abraças outros braços e é a mim quem tu abraças?! Tantas, que se prendem ao limbo, em imagens que teimas em apagar, apagar a tua própria existência, esquecendo que sem ti não podes estar.
É sem ti, que existes meu amor!
Porque em mim, és instante, és urgência, és certeza!

Sou o sangue que te corre nas veias, a epiderme que se arrepia, quando teimas em ser forte e não admites a saudade. Sou o teu acordar, o teu adormecer, onde o teu corpo em silêncio, pede o meu, na ausência do teu. Sou o embrulho, enlaçado em abraços que ainda queres adivinhar. Sou fantasma presente que te prende e solta de ti.
Sou quem te reza, sou quem te preza, sou o teu princípio e o teu fim!

Não me interrogo, se vale a pena ter-te assim, consolo-me ser longitude, sinto-te em cada momento, em cada membro que movo, em cada passo que percorro, em cada boca que toco é a tua boca que beijo. Sinto-te como se estivesses preso ao meu punho, em algemas de ilusão, sem conflito, em explosão, em amarrados gritos de paixão!
 É inacreditável, aprendi a viver com metade de mim e sinto-me completa assim!
 Se o amanhã acordar, estarei aqui! Se o amanhã não chegar, hoje, prescreveste-te assim!

*Lotus*

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Paixão

Se tu soubesses amor
o que em mim podes fazer
escrevias no meu corpo
páginas de poesia a florescer

Aprisionava-mos a solidão
ao portal da minha porta
e cá dentro amor…
cá dentro de mim…então

escrevias poemas oníricos
onde o papel era véu no chão
os braços, pontos líricos
a descrever tanta paixão.

*Lotus*

São minhas

As dores que sinto são minhas,
não as posso mascarar
são minhas, as dores de amar
com elas me conforto
são dores de uma Rainha de Lotus
que de nada valem aos mortos
porque eles já não podem sonhar

*Lotus*

Deixai-me


Deixai-me em branco
neste banco chamado
“Vida”
deixai-me sossegar
neste banco onde tudo é branco.
deixai-me assim
envolver-me em mim…
em branco puro, sedas e flor de jasmim
deixai-me assim
o meu banco é soberbo de estar
nele quero ficar
noutro não posso viver
esta vida em branco sem renascer!

*lotus*

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Amor e poesia

Escrevo-te uma poesia,
 ela para mim, não tem medida,
nem tem principio, não tem fim…
escrevo-te, em singelos acenos desejados
em poemas não terminados...
  falta-me a densidade que me consola,
em abraçar-te como quem cola, algo despedaçado.

Não sei se encontro palavras p´ra te escrever
estão minguadas as minhas frases...
  passei estrangulada longos caminhos, que desconheces.
  caminhei sozinha, em labirintos, em oração
e pisei pedras aguçadas
que feriram como espada, o meu coração.

Talvez o céu tivesse uma intenção…
 fazer de mim um ser forte, [uma pedra]…
afinal, fez um corpo de barro sem molde,
sem cozedura, que reforce a saudade…
   onde me banho em água benta,
nos olhos de quem apenas se contenta,
 fazer amor em poesia...
encurralada em madrugadas
que causam êxtases, em sintonia
com auroras saqueadas, de névoas e gotas de água fria.

*Lotus*

domingo, 25 de dezembro de 2011

No vão de escadas

Procuro no vão de escadas
as palavras que deixei guardadas

foi há tanto tempo que as escrevi,
que não me lembro mais, onde as escondi,

procuro entre caixas, sacos e tralhas velhas,
oiço vozes que se vergam, por entre sobrancelhas

sorriem zombando, daquilo que procuro ainda,
palavras guardadas em caixa vazia, com cinza,

e laços de ternura, que arderam nos tempos,
agora são brasas frias, lançadas aos ventos,

as belas palavras que escrevi, com tinta e pena de pavão
épocas passadas, no tempo que as escadas, tinham arrumação.

*Lotus*

sábado, 24 de dezembro de 2011

Há em ti

Há em ti
manhãs perfumadas de frescura
com áureas de ternura que,
despertam,
sede no meu olhar…

Há em ti
uma fonte de água pura,
com cristais de serenidade e desatino
onde purgo a alma,
sem cura

Há em ti
noites que me pertencem
horas de silêncio que anoitecem
num desejo ardendo
de inquietação

Há em ti
uma saber  envolvente,
em abismo e amargor…
onde a palavra não se move,
por amor

Há em ti
um peito onde bate a preceito
o sentido de possuir com paixão,
em mandamentos,
que se cumprem por devoção.

Há em ti
o que não quero…
e tudo o que espero…
numa alucinada desorientação
como intactos flocos de neve, em plena ebulição.

*Lotus*

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

"Amor"

Queria tanto…ter-te agora aqui a meu lado e dizer-te apenas com o olhar, o quanto és especial para mim! Sim, só com o olhar, porque as palavras poderiam escassear de tanto que as tenho guardado no baú das memórias.
Passo horas a contar os minutos na tua ausência, horas a recordar o teu sorriso, aquele, que deixava uma onda de placidez no ar, que não sei como descrever.
- Entendes agora porque digo que só com os olhos falaria?
- Deixava que o tempo divulgasse e dele se escutassem as palavras escritas ou lidas, as que eu não sei proferir.
-Deixava que os nossos dedos, em afectuosos apertos gritassem, “amo-te loucamente”
-Deixava os nossos deleitosos abraços sussurrassem, “quero-te p´ra sempre”
-Deixava que o anoitecer nos cansasse, na contemplação de nós, por nós! Adormecíamos depois na exaustão, do silêncio, onde tudo, tudo foi dito!
 O nosso amanhecer, ah... O nosso amanhecer… Seria como outrora! Amávamo-nos, simplesmente amávamo-nos, numa entrega imperturbável, num encantamento que se confundia, com hinos de anjos no Advento.
Dois corpos pegados, completa fusão, como se de metal fossemos feitos e nos lançassem a um forno de elevadas temperaturas, de onde surgia um só, ornado a prata e bronze, impresso a ouro, onde se lia a palavra “AMOR!”
-Éramos gargantilha abraçados, embebidos, amados, até que a noite, ou o dia, quisessem acontecer de novo!
Queria ter-te agora aqui! Não estás! Mas, sinto-te tão perto, que alcanço sentir o calor dos teus lábios a palmilhar o meu corpo todo, em bafejados beijos, em apertados desejos, em purpurinos desvairamentos…em fragrância de satisfação, que não se dissipam em calendários de Ano Novo.
Nem se apagam na memória de”todo!”...
-Queria ter-te em mim! …E dizer-te: “faz-me morrer de novo, p´ra voltar a nascer e contigo, fazer da vida uma festa de deleite!”

*Lotus*

domingo, 18 de dezembro de 2011

Imorredoura memória

Na  imorredoura saudade, 
dos teus lábios,
nascem rios de desejos ambíguos…

Onde a alma e o corpo,
abertos 
esperam  memórias
que  [ainda vivo!]

Quis Deus…
pôr-me no teu caminho,
para esmagar trilhos, em abismos e pergaminhos,

Abraçar silêncios e berros…
em ombros desnudados …

Num ventre ausente, de Sol e Lua…
que me amarram...nua,
em cama sem lençóis, nem fiápos de linho

 Tão fria de [ti] …de [mim]
martírio que só aos Santos é cedido

E
num rodopio sem destino… que não sabes,
não ouves...nem imaginas...  
complacência dos Deuses, 
humildade divina.
Vou sangrando…em memória…
E
Abençoando a nossa história…[no tempo]

Oh…Imorredoura dor!
 [tanta!…nem sei, se as sinto?!]

Adormecerá com a demora?


Ou, com palavras e folhas secas, 
que vão caindo…
de açucenas 
que me enfeitam os caminhos.

*Lotus*

sábado, 17 de dezembro de 2011

Caverna de poesia

Trago as mãos queimadas,
pelo cheiro das manhãs frias,
os lábios gretados, em impacientes
e unânimes sinfonias,
no corpo, trago o abandono sem norte,
que amanhece como guardião…
em lírio, vestido de morte.
ah…se soubessem [  ]…
o quanto, o poeta sofre,
 [saberiam]
que nada é mais triste,
do que carregar esta [má sorte.!]
ele habita em cavernas,
fantasiadas de violáceos…delírios...
onde, até as pedras florescem em martírios.

*Lotus*

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Beleza

Toda a beleza do céu, esta no teu olhar,
Toda a simplicidade da vida…

Está no teu caminhar.
Toda a luz do dia,

Um sorriso teu contém…

Quem disse que o mar não é vida…
Não o sente como alguém!

*Lotus*

Hoje, falo-te de mim!

Hoje, falo-te das noites brandas, como pontas de lápis afiados em pleno Agosto.
Hoje, falo-te também das manhãs coloridas de cinza, onde escasseia a alegria, num Dezembro, de curtos dias e longas noites.
Hoje, apetece-me falar-te de tudo o que vejo e sinto, de tudo o que vivo, e invento viver.
Olho o Céu, vejo apenas nuvens carregadas de lágrimas, prontas a mascararem o meu olhar, tal como a noite branda de finos e frágeis lápis de cera, aqueles que não pintavam mais os meus sonhos. Desfizeram-se nas madrugadas quentes, ausentes, onde as ramagens dos campos me envolveram em encantos e ternura.
 Deixei-me fundir com a natureza, porque só nela eu julguei encontrar a paz, que não se molda em fornos de ilusão.
Procurei ser terra seca, gretada, pasto brando em alta madrugada.
 Deitei-me com a terra entre calhaus e ervas daninhas, imaginei ser simples lagarta, lavrando-a com o meu ventre fino e já desventrado, pelo tempo em que nela rastejei.
Senti-me incompleta, queria sentir mais!
Queria agora ser árvore de grande porte, carvalho, sobreiro, azinheira ou mesmo cipreste, julgando ser possível alongar os meus braços ao infinito e com eles, poder ouvir o som dos meus gritos. Em vão…!
Consegui apenas ser arbusto de vedação, com meus brandos ramos ocultar, paredes escalavradas e falsas entradas.
Lancei-me então às águas de um rio, naveguei entre pedras, peixes, limo, lamas e lixo, detritos de supostos humanos imperfeitos. Perfeita desilusão!
Parei então, e deitei-me como gente, em terra ensopada de suor e lágrimas de uma vida que julgava ser em vão! Contemplei mais uma vez o céu. Agora, observo deleitada, um céu brilhando, sorrindo para mim… tão brilhante, que me obriga a cerrar os olhos. E de olhos cerrados, olho pela primeira vez para dentro de mim. Eis que, vejo dilacerada a sonhada lagarta, distante a árvore que não se alcança pelo topo, lamacento o rio onde não posso ser água límpida, seco o arbusto que não disfarça imperfeições a vida toda!
Esqueci-me de mim, das horas, quando abro os olhos já o sol se tinha ido deitar, dando lugar à brilhante e vigilante lua. Senti-me renascida e caminhei sozinha, no topo, de mim mesma!
Agora, pinto o meu Mundo com lápis afiados, brandos, duros, mas não gastos, observo o Céu com olhos de contemplação! …Mato medos e enterro pesadelos, vivo, com os pés bem assente na terra, e a alma num lugar iluminado. Aquele lugar onde um dia me hei-de envolver em eternidade!
 Sou feliz, por ser quem sou, não pelo que queria ser! Sou Mulher com muito para viver
*Lotus* 

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Aromas e Rumo



Em palavras,
Te envolvo…
Em dádivas,
Que rememoram…
E vou devolvendo
Em vocábulos…
Momentos…
Instantes…
Que ainda hoje,
Aqui moram…
Em bálsamo
E incenso…
Onde te inalo
E arrumo...
No baú
Do meu ser...
Para não corroer
A alma
Em aromas sem rumo.

*lotus*

Carta ao Pôr-do-Sol


Naquele fim de tarde, de um dia de Janeiro, em que o pôr-do-sol se vestiu de mil cores, com um rigor festivo inigualável, desenhando no céu estradas, montes, rios, fontes, um mar de figuras abstractas, ao qual era impossível ficar indiferente, um céu quente, carregado de emoções e desafiando os amantes, os pintores, os poetas, a novas e belas sensações. Jamais morrerá na minha mente, aquele espantoso cenário. Que me aquecia a alma em paralelo com o calor dos nossos abraços.
Contemplámos o Céu, como se fosse a última visão dos nossos olhos. Em êxtase profundo, em silêncios, bafejados de beijos e abraços apertados como se de uma partida se tratasse. O teu corpo unido ao meu, sussurrava palavras de carinho, amor e desejo. Intervalando, com o calor daquele pôr-do-sol, que nos aquecia tanto, quanto a natureza permitia e o meu amor queria.
Recordarei para sempre, o meu sentir, naquele fim de tarde colorido, sofrido, sem razão aparente, para tanta dor. Algo me anunciava a partida e arrancava uma parte de mim. Só não sabia qual? Sentia!
As lágrimas soltaram-se como a incerteza quis, devagarinho e contidas, não queria transmitir o que estava a sentir. Estupidamente, achei que era só meu, aquele sofrimento. Havia doado de mim tudo, ao ser que amava. Agora, egoistamente queria aquele sofrimento só para mim.
Pediste-me carinhosamente que nos recolhêssemos, estávamos a esfriar. A sensação que me evadia, era que o meu corpo era um balão, que flutuava perdendo ar, a qualquer momento cairia no chão enrugado, como a pele de um idoso. Sentia-me sem forças para respirar fundo e enchê-lo de novo, para sentir a força daquele amor, no meu corpo. Nada, era tudo o que era capaz de sentir!
Senão e só aquele pôr-do-sol que me enfeitiçava.
Recolhemo-nos, coloquei um CD, uma música que fosse a antítese do meu sentir, da minha dor. Queria dançar e com isto, tentar exorcizar, ou quem sabe, tentar irritar-te pois sabia que detestavas Rock. Talvez estivesse na busca de uma catarse, algo que motivasse ou transformasse, todo aquele momento, do qual eu não sabia discernir.
Não entendia, o porquê de tanta dor no peito. Que sensação maligna e destruidora se apoderou do meu ser!
Comecei então a dançar, sozinha, com todo o sentimento que o Rock imprime aos corpos, movimentos soltos e agressivos, de quem tenta esmurrar algo que não tem pela frente. Queria cansar o corpo, assim, talvez acalmasse a mente e todo aquele sentir se esvaísse de mim.
Olhaste e sorriste! Como quem quer dizer algo, mas se detêm pelo olhar.
Sabia o quanto me desejavas e me achavas sensual, tentei oferecer-te aquele momento!
Que estranha sensação pensei:” será que estou a enlouquecer ou vou morrer?”
Não, era outra situação, que considero bem mais penosa do que enlouquecer ou morrer!
Quem enlouquece, perde a noção do adquirido, quem morre, só perde a vida!
O nosso Sol, escondeu-se e foi dando lugar a uma lua quase de Agosto, linda, num céu limpo e sereno, uma noite longa se adivinhava!
Acendeste a lareira, com uma certa habilidade, rapidamente ela nos iluminava e aquecia, não era necessária luz, vinda de outra fonte. Aquela luz oferecia-nos toda a claridade de que dois amantes precisam, onde só as mãos falam e os contornos dos corpos insinuam o belo que havia em nós.
Em frente à lareira, que crepitava ao nosso olhar, estendeste um edredão fofo e macio, colocaste uma garrafa de champanhe, dois copos, uns aperitivos, e os meus bombons preferidos. Ah e dois corpos, prontos a beberem e a amar. Perfeito cenário de um novo de loucura apaixonante. Tão perfeito que ainda hoje me sinto embriagada por ele, tão real quanto doloroso, tal como aquele Céu abstracto, mas quente e nosso!
Amámo-nos, como se o mundo tivesse hora marcada para acabar, e tivéssemos aquele tempo, sem tempo, para entregar tudo, parecia sempre uma nova entrega, um novo desbravar de mato desconhecido, sempre com a mesma sofreguidão, uma loucura de amar no tanto que se ama!
A minha sensação tomou outra forma, agora, era de uma entrega total e absoluta, como sempre!
Mas desta vez eu sentia-a mais forte, mais minha, mais interminável. Mas nem por isso afastei a estranheza sentida…Temia-a com todas as minhas forças!
Havia no ar algo de misterioso, uma inquietude, sem tom, mas com som, o nosso som de amar, um balbuciar de frases infindáveis, que iam ardendo em fogo de paixão.
Que loucura infinitamente boa!
Envolvida em beijos, abraços, vinho e cansaço, pronuncio: “Amo-te”.
E, eis que uma voz doce e meiga me abraça com uma força que não sei descrever. Mas que me atrevo a escrever, julguei ser a força do amor…Essa voz responde: “Obrigada”.
Gelei em frente a um formo crematório, de tal forma que tentei iludir os meus sentidos com um pensamento racional que me aliviasse a dor. “Ouvi mal!”
Não, não estava a ouvir mal, era simplesmente mal amada, ou melhor, não me sentia amada! Sentia-me usada, com todos os requintes que devem ser colocados na mesa de um Rainha. Agora entendia a razão daquele doloroso e miserável sentir!
Julguei estar embriagada, com uns goles de vinho que bebi. Mas, seria impossível. Não, não bebi o bastante para que perdesse o sentido de audição.
Não ouvi daquela boca, que eu tanto amava, a palavra que todos nós precisamos “Amo-te!”
Apaguei-me!
Tal como aquela lareira, se foi apagando, por não ser alimentada, também eu, me apaguei, pela ausência de uma só palavra, que me alimentasse no momento, para uma vida inteira. Morri naquela hora!
Agora sim, sabia o que o pôr-do-sol me transmitia!
Hoje, continuo morta, esperando acender a chama, nem que seja na hora de morrer de novo!
Posso dizer: ”Morre-se na mesma vida mais do que uma vez!”
Morri, mas não deixei de amar!
Será que estou viva?
Ou será que ainda estou a beber e a sonhar?!

*Lotus*

"Agora!"

Esta noite, vesti-me de Rainha
e percorri sozinha,
o caminho que me leva a ti
esta noite, reconstituí o passado,
tão presente...
que fez de mim Rainha, novamente.
cheguei, sem que desses conta,
que os lábios que te beijavam
não eram sonhos violados, era realidade pronta,
beijei-te como outrora,
com asas de andorinha na frescura da aurora
os teus lábios deixei molhados
em almofada, de sonhos brocados
o teu peito desvendei p´ra nele me aquecer,
perdi-me em desejos a ferver
amei-te em lençóis de alabastro
quedei-me em gritos de ternura,
em espasmos de loucura,
  regressei ao presente,
 num barco sem vela, nem mastro
Apenas ausente.

Não. Eu não sonhava amor…
Era o passado a chamar-me “Agora!”

* Lotus*

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Catorze de Dezembro de 2010



Bom dia meu amor.
Esta, é mais uma das muitas cartas que te escrevo que nunca chegarás a ler.
Estou sentada em frente ao silêncio a recordar-te, [ele] fez-me olhar de relance, apenas de relance, um passado [presente] neste silêncio.
Faz hoje um século, éramos dois amantes em plena entrega, ocultados em quatro paredes onde tudo era nosso e belo, o tecto daquele quarto era o céu, onde víamos estrelas, a lua, era um sonho a inventar, os nossos olhos tocavam-se, tudo se abria ao nosso olhar, tudo tão perfeito, um simples e apaixonante bom dia, soava-me a magia.
Que saudade do teu cheiro, do teu sorriso, da tua boca, do teu olhar, do teu toque, aquele toque, que não existe noutro "imortal !" Um toque onde cabiam segredos, arrepios, desejos, medos, um toque com suavidade de artista, delineando aromas de prazer.
Tenho saudade da noite nos teus braços, do amanhecer na voraz fogueira, onde crepitavam os nossos desejos e os queimávamos em longuíssimos beijos.
Tenho tanto para te dizer, mas sobram-me as palavras e falta-me coragem na urgência que imprime a vontade de ser, ser ainda e voltar a Ser!
Passado um século ainda te sinto em mim…Como pode acontecer?!
Um século, uma eternidade, um quarto frio, uma longa caminhada, tão longa… quanto longas... são as noites em que te abraço, abraçada à saudade, e adormeço toldada de "nada".
Quero imaginar como estarás agora? Como será o teu adormecer?
Que braços te abraçam ao acordar? Que boca te beija sem arrefecer?
Oh saudade, que não se compraz em escrever.
Sonho em tocar-te, sentir o teu vibrar pelo meu toque renunciar ao Mundo para te satisfazer.
Queria...queria...quero! Um século depois ainda te espero!
Vou continuar a falar com o meu silêncio, até que ele se canse de recordar.
Um dia saberás o quanto foste amado! E aí, talvez seja tarde demais, quem sabe eu me perca em papéis e vocábulos banais!

*Lotus*

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Eterno olhar

Em
cada palavra que escrevo
só um nome existe em relevo
o teu, meu amor!
Em
cada olhar que atravesso
procuro o teu  [  ]  em verso!
Em
cada sorriso arrastado...
encontro um caminhar renunciado!
Em
cada noite de luar...
Alongo os meus braços para te abraçar!
Em
cada verso que faço, resignada
apenas e só, sinto o cheiro, a terra molhada!

*Lotus*