Admirar a escrita é meditar sobre ela!

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Catorze de Dezembro de 2010



Bom dia meu amor.
Esta, é mais uma das muitas cartas que te escrevo que nunca chegarás a ler.
Estou sentada em frente ao silêncio a recordar-te, [ele] fez-me olhar de relance, apenas de relance, um passado [presente] neste silêncio.
Faz hoje um século, éramos dois amantes em plena entrega, ocultados em quatro paredes onde tudo era nosso e belo, o tecto daquele quarto era o céu, onde víamos estrelas, a lua, era um sonho a inventar, os nossos olhos tocavam-se, tudo se abria ao nosso olhar, tudo tão perfeito, um simples e apaixonante bom dia, soava-me a magia.
Que saudade do teu cheiro, do teu sorriso, da tua boca, do teu olhar, do teu toque, aquele toque, que não existe noutro "imortal !" Um toque onde cabiam segredos, arrepios, desejos, medos, um toque com suavidade de artista, delineando aromas de prazer.
Tenho saudade da noite nos teus braços, do amanhecer na voraz fogueira, onde crepitavam os nossos desejos e os queimávamos em longuíssimos beijos.
Tenho tanto para te dizer, mas sobram-me as palavras e falta-me coragem na urgência que imprime a vontade de ser, ser ainda e voltar a Ser!
Passado um século ainda te sinto em mim…Como pode acontecer?!
Um século, uma eternidade, um quarto frio, uma longa caminhada, tão longa… quanto longas... são as noites em que te abraço, abraçada à saudade, e adormeço toldada de "nada".
Quero imaginar como estarás agora? Como será o teu adormecer?
Que braços te abraçam ao acordar? Que boca te beija sem arrefecer?
Oh saudade, que não se compraz em escrever.
Sonho em tocar-te, sentir o teu vibrar pelo meu toque renunciar ao Mundo para te satisfazer.
Queria...queria...quero! Um século depois ainda te espero!
Vou continuar a falar com o meu silêncio, até que ele se canse de recordar.
Um dia saberás o quanto foste amado! E aí, talvez seja tarde demais, quem sabe eu me perca em papéis e vocábulos banais!

*Lotus*

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