Admirar a escrita é meditar sobre ela!

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Meu Mundo Sagrado


Hoje, nenhum poema será bastante belo, pra rimar com a minha saudade, por isso escrevo-te em prosa, porque os meus olhos estão enevoados de tanto esperar. Os meus dedos estão gelados na ausência das tuas mãos pra apertar. Imagino-te chegar ,com lábios de beijos e mãos de rosas…Uma rosa apenas, que deixará nos meus dias rima na poesia... Não, na prosa. E, decerto irei guardar essa rosa, no mesmo local onde tenho guardado, tantas…tantas…“coisas” que me fazem acreditar e sonhar que voltas!
 Na boca, trarás os lábios húmidos de desejo dos nossos beijos, aqueles que outrora nos faziam caminhar nus, em sonhos e prazeres (in) comum, aos mortais.

Sinto que voltas! Quero viver e acreditar, porque no dia em que não acreditar…Aí, já não serei eu quem escreve prosas, ou poesias. Serão outros corações tão grandes quanto o meu, em lugares desiguais, mas que guardam “coisas” tão importantes como Eu!
É um sentir tão forte, que abro a minha porta, ao mais pequeno ruído, julgando seres tu quem vai entrar, com aquele sorriso que me encanta, e desfaz, como gelado de chocolate e noz, em lábios quentes.
Guardo-te, onde te procuro… Em tudo… E tudo… É tão pouco…Pra te encontrar.

 Por vezes guardamos “coisas”… perdendo-lhes o rasto de tão bem guardadas, “coisas” que acabamos por decidir não terem valor.
Outras vezes, guardamos “coisas”, com um valor inigualável, por serem “coisas” que amamos e queremos sentir sempre presentes. Mas com o passar do tempo, já não sabemos mais, se, o que guardamos é salutar ou tormento, para um guardar tão sagrado, e um sofrer tão intenso.

O insubstituível não se guarda, nem se esquece, nem se apaga, mantêm-se vivo, como chama que alimenta, são lembranças. Lembranças, doídas, que sangram cálidas,  imutáveis, sem coagularem, brotando na pele de quem as sente, tão presentes, como se de flechas em fogo cravada no peito se tratassem. Provocando um frio vastíssimo, numa ausência já gasta, mas que habita ainda no quarto da solidão, divisão súbita de sentimentos.
E, chegamos ao ponto de desejar, que aqueles sentimentos tão fortes se desfaçam como  manta de retalhos, feita em farrapos que o tempo, a seu tempo devorou. Mas não, não se rasga esta manta, nem se desfaz no tempo!
É feita, de tantos sentimentos e tão fortes, que se manterá eterna como eterno, é o lugar onde te guardo.
Tento esquecer esse local, olho pelas vidraças da minha janela, estão baços, de tanto as vigiar, nelas escrevo o teu nome em arabescos indecifráveis, para que só eu as possa ler, e ficar sonhando alegrias, arco-íris, fantasias…Onde apenas eu, consigo ver e saborear, as emoção vividas em lugar longínquo, perdido no meu vasto e penetrante recordar.

Guardei-te em lugar tão bem guardado, que mil anos passaram e ninguém te consegue encontrar, apenas eu, sei onde te guardei. Em lugar sagrado, num amontoado crente e inocente, como criança zelosa do seu presente.
Num altar coberto com um manto de flores que não secam, nem desfolham com os ventos, nem com os tempos. E, ainda hoje exalam um odor, odor a desejo e flores, odor a alegria e contemplação, odor a vida e recordação, que nenhum tempo poderá jamais apagar!
Estás guardado em abrigo, cravado como pedra no meu peito na forma excêntrica de construção, um monumento histórico, onde nada nem minguem, pode penetrar ou visitar.

 Sem brado, apenas no silêncio onde as letras me gritam, e até onde as consiga suportar, acaricio-as docemente, para que não me castiguem mais os sentidos, peço-lhes: “Que me perdoem, pelo mal que lhes tenho causado, pela forma sofrida com que as tenho desenhado, pela humidade em que as alinhei frias, nas manhãs em que as escrevo, onde, ainda o sol vem longe e a lua é sentinela dos meus sentidos, eternizando-os como imagens congeladas no tempo”

Neste lugar onde te guardo, dou comigo visitando-o constantemente, tarefa cega…Urgente…Olhando-o, afagando-o. Dele faço o presente em que vivo... Ou morro… 
Sem inquirir se é sonho. Se o acordar é abraço, se a sede é cansaço, se a inquietude é paz, ou a paz é um estado de alma onde não se habita, onde, apenas se passa por breves instantes!?
Numa realidade vazia, vadia e ausente, que queima gente, que abriga sonhos, queimados em fogueira de gelo quente.
Guardo-te, tão ciosamente guardado, na condição, de te poder levar comigo amarrado pro infinito… Onde seja exequível viver o amor, em lugar ilimitadamente sagrado!
Sem mágoas, ou pesar, e me solte o sofrimento aos ventos, como ave que voa, riscando os céus em seu airoso voar, sem sequer desejar pairar. Pairar, é ficar no lugar onde te encontro. E, não sei até quando, este lugar pode encerrar tanta mágoa, sem florir e revestir o mundo com o anil de saudade.

*Lotus*

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